Como lidar com toda a pressão envolvida no dia a dia do caminhoneiro?
A saída vista como mais fácil para muitos desses profissionais é, na realidade, uma estrada tortuosa e perigosa, tanto para a saúde quanto para a segurança.
Em busca de lutar contra o cansaço e o sono nas viagens, ou ainda para tentar antecipar o prazo de entregas, uma triste e preocupante realidade nas estradas brasileiras é o uso de diferentes substâncias lícitas e ilícitas associadas ao volante. De acordo com dados do Ministério do Trabalho anteriores à adoção de medidas de fiscalização envolvendo o exame toxicológico obrigatório, a estimativa era de que um terço dos caminhoneiros dirigisse sob efeito de drogas.
Os riscos em tal prática, exposto nos números alarmantes, estão por todos os lados, e podem ser ainda maiores para determinadas substâncias consideradas mais comuns.
Para combatê-los, o primeiro e principal passo é a informação. Você é capaz de identificar quais os riscos associados às principais drogas oferecidas como “soluções” para os profissionais das estradas?
Entenda a seguir.
Substâncias psicoativas: Perigo à vista
Como a rotina do caminhoneiro demanda, frequentemente, a necessidade de enfrentar horas seguidas ao volante, a busca pelas chamadas substâncias psicoativas é considerada a mais comum. O motivo é seu efeito de ação no sistema nervoso central, capaz de alterar temporariamente a percepção, o humor e o comportamento.
Sua popularização veio pela crença de que essas alterações têm a capacidade de tornar o motorista mais desperto e alerta, suprimindo a sensação de cansaço. No entanto, a realidade é bem distinta.
Além de a sensação buscada ser extremamente breve, tornando necessária a utilização excessiva das substâncias em busca de resultados “melhores”, ela é ilusória e não vem sozinha. O uso de substâncias psicoativas vem acompanhado de uma série de efeitos colaterais indesejáveis e – pior – perigosos. Os efeitos podem variar conforme a droga em questão.
- Rebite e demais anfetaminas
Diferentes drogas sintéticas compõem a família das anfetaminas, mas a mais popular entre os motoristas é a droga conhecida como rebite, que promete manter o usuário acordado por mais horas.
Seu efeito acontece principalmente no sistema nervoso central, de modo a provocar excitação, insônia e falta de apetite. No entanto, há ação comprovada também em outros órgãos do corpo, com efeitos como:
- aumento da frequência cardíaca e pressão arterial;
- irritabilidade;
- desregulações intestinais (variando entre intestino preso e diarreias);
- gastrite; dentre outras.
Apesar de ter como efeito a sensação de estar “acordado” por um tempo, as sensações subsequentes são uma indesejável angústia e depressão, que podem resultar em uma rápida relação de dependência ao uso da droga. E, apesar de se sentir “aceso”, o uso do rebite pelo motorista compromete sua capacidade de atenção, já que gera confusão mental, distração e diminuição da coordenação motora – a ocorrência de acidentes em casos de uso da substância é expressiva.
Para saber mais sobre os efeitos do rebite, acesse o post “Rebite: os perigos da automedicação”.
- Cocaína
Infelizmente, os perigos da cocaína chegaram às estradas brasileiras em números preocupantes, sob a desejada promessa de ficar acordado por mais tempo. Visto muitas vezes como uma “alternativa” ao rebite, os riscos da droga podem ser irreversíveis à saúde.
Atuando também no sistema nervoso central, a cocaína tem como efeitos instantâneos o aumento da frequência de batimentos cardíacos e da pressão arterial, além da dilatação da pupila e aumento da temperatura corporal. Se usada em doses mais altas e com frequência, há sérios riscos de arritmia e, ainda, de complicações cardiovasculares, respiratórias e gastrointestinais.
Além dos efeitos físicos, mentalmente, o uso da cocaína para motoristas prejudica fortemente os reflexos, ainda que o usuário tenha sensação de estar eufórico e alerta – na realidade, toma conta uma forte inquietação e confusão mental, que frequentemente resulta em acidentes.
Com o abuso da droga, as complicações aparecem de maneira crônica, em forma de problemas psicológicos e distúrbios psiquiátricos. Em pouco tempo, o usuário perde o controle sobre o que pensa ser um “uso pontual”.
- Opiáceos: Morfina, codeína, heroína
Derivados do ópio, os opiáceos se dividem entre fármacos e drogas consideradas ilícitas. No caso das drogas associadas à recomendação médica, o uso de tais substâncias deve ser feito sob intenso acompanhamento, pois há riscos associados. Quando se fala das drogas ilícitas, os riscos são ainda maiores.
Na primeira categoria, morfina e codeína são algumas das substâncias mais comuns, com diferentes usos médicos, com destaque para controle da dor. Já a heroína se enquadra como uma droga perigosa, que pode rapidamente levar à compulsão.
Depois de um efeito de desligamento da realidade, as sensações seguintes de prazer, ânimo e redução de ansiedade da heroína são alguns dos “atrativos” buscados. Porém, as consequências vêm logo em seguida, a começar pela rápida dependência. Outras complicações possíveis são taquicardia, vômitos, diarreia, dores abdominais, surdez/cegueira e até mesmo estados de coma, com o uso excessivo. Como tem um forte efeito sobre o corpo, o usuário perde boa parte da sua capacidade de percepção e entendimento da realidade – ou seja, um sério perigo ao volante.
Exame toxicológico: Mais segurança para as estradas
Como aumentar o controle e a fiscalização sobre uma questão tão séria como todos os riscos já vistos da mistura entre o uso de drogas e a direção?
Esse é um dos principais pontos tratados na Lei 13.103, promulgada em 2015 e conhecida como Lei do Caminhoneiro. A Lei instituiu a obrigatoriedade do exame toxicológico de larga janela de detecção nas ocasiões de emissão ou renovação de carteira das categorias C, D e E.
Com o teste, realizado por meio da coleta de fios de cabelo ou pêlos, é possível apontar o uso de substâncias ilícitas por um período mínimo de 90 dias. Caso o resultado do exame seja positivo, o motorista fica impossibilitado de seguir com o processo de emissão ou renovação por mais 90 dias, quando deverá ser refeito o exame.
A partir da validação da lei, números já foram capazes de apontar que o principal objetivo da fiscalização – aumentar a segurança nas estradas – tem sido cumprido, sentido na diminuição do número de acidentes. A iniciativa, inclusive, foi reconhecida pela ONU como referência de medida para alcançar tais objetivos.
Para ficar em dia com seu exame toxicológico, conheça o Exame Pelo Bem.