Longas horas na estrada e muitas noites adentro são parte da puxada rotina de um caminhoneiro. Para cumprir prazos apertados, aumentar a jornada diária de trabalho ou na tentativa de faturar mais, os motoristas podem buscar meios que resultem na maior produtividade possível, mas há saídas perigosas nesse caminho. O uso de substâncias inibidoras do sono é uma das principais, sendo a mais conhecida a anfetamina, popularmente chamada no meio de rebite. Apesar de popular, o rebite ou “bolinha” tem uma série de riscos associados, e é preciso ter muito cuidado quando o assunto é automedicação. Entenda!
O rebite é uma droga ou um remédio?
As anfetaminas são drogas sintéticas que atuam como estimulantes da atividade do sistema nervoso central, encontradas em alguns grupos que são comercializados sob a forma de remédio, com diferentes nomes. No entanto, é muito comum que nas estradas o acesso à droga aconteça de forma ilegal, o que representa um grande perigo: primeiro por não se saber a procedência da substância – há muitos laboratórios que atuam ilegalmente produzindo medicamentos sem a devida aprovação dos órgãos de fiscalização, principalmente a vigilância sanitária – e segundo porque a medicação só pode ser utilizada sob prescrição médica, por se enquadrar na categoria tarja preta.
Como funciona?
Como estimulante, o rebite faz o cérebro trabalhar mais rápido, causando a impressão de diminuição do cansaço, já que o usuário se sente mais “ligado”, “aceso” e tem a sensação de estar mais disposto fisicamente. No entanto, esse efeito, além de ilusório (o cansaço chega inevitavelmente em seguida, e por vezes até mais forte), não vem desacompanhado. A anfetamina leva o organismo a funcionar acima de sua capacidade e pode resultar em diferentes efeitos como alterações de estado mental (ansiedade, estresse, irritação e agressividade), taquicardia, dilatação das pupilas (o que é extremamente perigoso para o motorista na estrada, principalmente à noite), aumento da pressão arterial, perda de apetite, insônia e outros.
Um perigo ainda maior é a dependência: depois das primeiras experiências, é comum que o usuário sinta necessidade de ingerir doses cada vez mais altas da droga para sentir o efeito desejado, e o uso constante e exagerado pode gerar problemas ainda mais graves, como distúrbios gastrointestinais, aumento dos riscos de AVC, depressão, paranoia e alucinações, ou até mesmo problemas neurológicos irreversíveis (dentre outros!).
Saúde em primeiro lugar
Já vimos que os riscos do uso do rebite são muitos. A automedicação, por si só, é um grande perigo e um problema de saúde pública no Brasil; em busca de lidar com a pressão do trabalho, a pessoa que se automedica para enfrentar as estradas pode acabar agravando o próprio problema ou desenvolvendo outros graves quadros, muitas vezes sem consciência disso. Para piorar, há ainda o risco de estar no volante sob efeito das drogas, o que pode gerar resultados fatais para si e para outros – somente em 2017, foram 34.425 caminhões envolvidos em acidentes no país, de acordo com a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR).
É por conta dos números alarmantes e dos frequentes casos de acidentes envolvendo motoristas que fizeram uso de alguma substância que se instituiu, em 2016, a obrigatoriedade do exame toxicológico para renovação de carteira das categorias C, D e E. Essa é uma medida preventiva que, juntamente com a formulação de jornadas de trabalho mais justas por parte dos contratantes e a conscientização dos riscos da automedicação pelos motoristas, tem o potencial de reduzir e desestimular o uso de qualquer tipo de droga associado à direção dos veículos.
Buscar mais produtividade é natural, mas é preciso encontrar as formas saudáveis de cumprir esse objetivo, que incluem o tempo necessário de descanso e ainda outros hábitos, como a alimentação. Além disso, é preciso construir e cumprir planejamentos de viagem, contabilizando as horas essenciais de sono. Prejudicar a saúde na tentativa de render mais é tomar a via mais longa e conturbada, com diversos perigos no caminho. Atenção redobrada!
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