Garantir que um item ou produto chegue a um destino cumprindo um prazo pré-estabelecido envolve uma complexidade bem maior do que as pessoas não inseridas no processo geralmente conseguem visualizar. De importância fundamental para a economia, o transporte de cargas carrega, junto à sua complexidade, uma série de numerosos riscos, associados a todas as diferentes partes do processo.
Enquanto atividade logística, há fatores tanto internos quanto externos que podem afetar diretamente a eficácia das operações de transporte, medida não somente pela entrega de uma carga, mas pela execução de todo o processo com preparo, segurança e qualidade. A atenção com esses fatores é o que dá a garantia de realizar os serviços de maneira estratégica, evitando acidentes e prejuízos financeiros.
Dar prioridade à identificação dos riscos existentes deve ser o ponto de partida para as atividades de transporte de cargas, etapa a ser sucedida pelo planejamento das medidas preventivas necessárias.
Que tal passarmos juntos por alguns dos principais pontos de atenção, importantes para todos os profissionais envolvidos?
Manutenção da frota
A falta de manutenção preventiva do veículo utilizado para o transporte é prejudicial em duas vias: além de aumentar o risco de acidentes, ainda pode resultar em prejuízos financeiros, sem que os envolvidos na operação sequer se atentem – por exemplo, trafegar com rodas desalinhadas aumentará o desgaste dos pneus, o que vai rapidamente pesar no bolso.
O controle de revisões e manutenções periódicas deve ser parte integrante do gerenciamento de riscos e até financeiro de viagens. Afinal, investimentos planejados são bem mais vantajosos que os imprevistos.
Cuidados com a carga
No que diz respeito às cargas transportadas, há certos cuidados que são vitais para o gerenciamento de riscos. Há uma extensa lista de categorias de produtos que podem ser conduzidos nas estradas e, para cada um deles, há especificidades a cumprir:
- tipo de veículo ideal;
- embalagem;
- formas de armazenamento;
- instruções de manuseio.
O descuido com qualquer um desses aspectos pode ocasionar a perda de mercadorias tanto por motivo de estrago quanto por danos na viagem ou no momento da carga e descarga.
Outra realidade comum das estradas são os problemas de sobrecarga dos caminhões e carretas, uma causa frequente de certos tipos de acidente, como o tombamento de veículos, que colocam em risco de forma simultânea motorista, carga e veículo. O gerenciamento deste risco envolve a correta avaliação dos pesos e dimensões permitidos, para construir um planejamento que alie a segurança aos prazos necessários.
Não se pode esquecer também que o transporte de cargas deve ser realizado somente com toda a documentação que autoriza o serviço, de acordo com cada tipo, sob risco de multas e apreensões nas estradas. É preciso fazer o check-list com base em todas as leis disponibilizadas pelo DNIT e CONTRAN.
Roubo de cargas
Ainda relacionado à carga, mas também um perigo para motoristas e caminhões, o risco externo dos roubos é uma realidade das vias brasileiras, que gera enormes prejuízos aos negócios. Para prevenir as ocorrências dessa natureza, é válido contar com as mais recentes tecnologias, que oferecem monitoramento e rastreamento de frota para as viagens. Além deles, já demos aqui algumas dicas para evitar o roubo de cargas.
Condições das estradas
Vai pegar a estrada? Consulte, anteriormente, as condições atuais de todos os trajetos possíveis a percorrer, para só então realizar o planejamento de rota. Ainda que seja difícil, em muitos casos, fugir da má conservação das estradas brasileiras, gerenciar risco no transporte também é administrar, na medida do possível, a questão das condições dos percursos.
O gerenciamento também precisa considerar a boa condição do veículo, bem como a preparação e atenção do motorista ao volante. Afinal, por mais que se planeje, buracos e outros sinais nas estradas podem ser imprevisíveis.
Negligência
Seja nas cidades ou nas rodovias, qualquer descuido por parte do condutor pode ocasionar prejuízos sérios e repentinos. No transporte de cargas, é preciso atenção redobrada às falhas de negligência por todos os profissionais envolvidos, porque elas podem acontecer cotidianamente e em qualquer momento da realização do serviço – ou seja, desde o momento de fazer a carga do caminhão até a finalização da entrega –, representando riscos à operação como um todo.
O aspecto dos cuidados por parte da equipe é amplo, e pode envolver desde pequenas ações (como checar o celular enquanto dirige ou não dar nós firmes entre carga e carroceria) até falhas mais visíveis (como deslizes na operação de empilhadeiras). Constantes treinamentos, realização de cursos e checagem de todas as etapas do processo por meio de equipes voltadas à segurança do trabalho são algumas das medidas que podem diminuir prejuízos associados a falhas humanas.
Imprudência
Ainda no aspecto humano, tem-se o enorme risco associado à falta de segurança para a execução de um trabalho ou à tentativa de realizá-lo mesmo sem o conhecimento necessário, que resultam em atitudes imprudentes.
O exemplo mais cotidiano para o caso seria a dispensa do uso dos Equipamentos de Proteção Individiual (EPIs). O profissional não considera relevante fazer o uso correto do material, mas está colocando sob risco a sua segurança e a eficiência de todo o processo, já que sua atitude aumenta as chances de prejuízos mais sérios no caso de qualquer imprevisto. O não cumprimento das leis de trânsito se encaixa no mesmo critério.
Também para esses casos, a solução é manter investimentos em ações de conscientização e treinamentos de segurança do trabalho que aumentem o nível de responsabilidade de cada colaborador, mas o trabalho deve se iniciar antes, com um processo criterioso de seleção dos profissionais.
Como a atenção é necessária em detalhes que passam por todo o processo (há ainda muitos outros que poderiam ser citados!), a gestão de riscos se torna, na logística, mais que uma vantagem, mas uma necessidade para bons resultados na execução do serviço.
Lembre-se que a qualidade e a segurança do transporte de cargas terão relação direta com esse investimento. Todos os envolvidos com a atividade saem ganhando!
Para manter-se em dia com a lei, saiba mais sobre o exame toxicológico.