É inevitável: para uma mãe, os melhores momentos da vida geralmente estão associados à presença dos filhos. Seja para celebrar conquistas, educar ou simplesmente passar o tempo juntos, a relação mãe e filho(a) é um dos elos mais fortes que existe e preenche todos os dias com carinho e amor incondicional. É por esse motivo que, quando se tem um filho, qualquer dia distante passa a ser sinônimo de saudade.
Na vida de quem escolheu a profissão de motorista, especialmente, lidar com a saudade vira parte do dia a dia profissional. As demandas do trabalho, que muitas vezes exigem vários dias longe de casa, precisam ser administradas de modo a manter a dedicação com a família e a educação dos filhos.
Ainda que o número de mulheres que atuam como motoristas seja bem menor que a presença masculina na área (conheça um pouco dessa realidade em nosso artigo “Mulheres motoristas: como enfrentar os desafios da profissão”), há aquelas que encaram o desafio com garra o suficiente para compartilhar as duas missões – a vida nas estradas e o cuidado com a família – sem falhar em competência e compromisso.
Na prática
Para Valdete Cabral, que atua profissionalmente como motorista há oito anos e já precisou passar semanas longe de casa, os desafios são grandes, mas a recompensa é a satisfação de fazer aquilo que gosta.
Mãe de dois filhos, Valdete tem como principal demanda familiar, atualmente, a criação do filho mais novo, de cinco anos, já que o mais velho mora fora do país. Mas o tempo atuando na área foi determinante para que os filhos entendam sua realidade. “Trabalhei dirigindo até os nove meses de gestação, nos dois casos. Eles já estão bem adaptados a esse ritmo meu, desde pequenos”, garante.
Quando a profissão exige que se ausente e durma fora de casa, Valdete pode contar com o apoio de sua família, que mora próximo e dá todo o suporte necessário. Os momentos de folga e intervalo, por sua vez, são aproveitados ao máximo, mesclando o descanso exigido por lei e a presença junto ao filho, que é desfrutada em momentos simples de interação e bastante carinho, como passeios a sós.
Para a motorista, o maior desafio que enfrenta é, justamente “ter que conciliar o trabalho e os cuidados em casa, dando o suporte necessário”, especialmente pelo fato de exercer o papel de mãe e pai. Por vezes, tarefas do cotidiano como ajudar no dever de casa do pequeno não são possíveis, mas Valdete procura se fazer presente o máximo possível.
Perto mesmo quando longe
Nas estradas, a lembrança de casa é forte e aumenta com o passar dos dias. É claro que, para diminuir a distância, as mães motoristas contam bastante com os recursos tecnológicos que permitem o contato rápido com a família. “Sempre que tenho uma parada entro em contato para saber como estão. Estou sempre ligando”, comprova Valdete.
Como nem sempre é possível estar lado a lado, manter a proximidade por meio das conversas mesmo que à distância é fundamental para que os filhos não sofram com a ausência e passem por situações como sensação de abandono ou criação de sentimentos negativos quanto ao trabalho da mãe. Mesmo que seja somente para saber como foi o dia ou “dar um oi”, uma simples ligação faz toda a diferença.
A experiência de Valdete, compartilhada com outras mães que optam por atuar como motoristas mesmo diante das dificuldades, tem um segredo para dar certo, como a profissional resume bem. “Cuidar do meu pequeno é uma tarefa feita com amor, assim como exerço a minha profissão de motorista também com amor”, define. Nesse sentimento, as mães são especialistas.