Muitas vezes árdua e cansativa, a profissão de motorista exige longas horas sob a direção de veículos em busca de cumprir prazos e garantir entregas. Esse compromisso, no entanto, gera consequências inevitáveis ao físico, sentidas de diversas maneiras. Entre as principais queixas relacionadas à saúde dos caminhoneiros, a dor nas costas figura no topo da lista, em sintomas como desconforto na coluna e articulações ou tensão na base do pescoço, principalmente.
Por se tratarem de episódios considerados comuns e rotineiros, há quem opte por negligenciar as dores sentidas na região da lombar, seja ignorando a necessidade de tratamento ou tomando remédios por conta própria.
No entanto, é preciso compreender que o problema deve ser administrado com atenção, já que está diretamente relacionado aos hábitos da profissão e pode inclusive trazer complicações se não for devidamente cuidado.
A seguir, apresentamos o que você precisa saber sobre as dores nas costas ao dirigir.
Consequências da rotina
Não é nenhuma coincidência que a lombalgia seja tão comum entre os motoristas, é claro. A permanência prolongada na posição sentada, por conta das longas viagens, e a postura inadequada para dirigir são as principais causas atribuídas para o mal – como a repetição de ambas faz parte do cotidiano da profissão, o resultado é um agravamento rápido dos problemas.
Mas para além delas, há ainda outros fatores possivelmente associados, como o sedentarismo e ainda as sobrecargas de peso no momento de manusear as cargas transportadas.
Por conta de todos os riscos existentes no dia a dia ocupacional, é possível afirmar que a prevenção contra as indesejáveis dores nas costas está principalmente em cuidados a serem tomados por parte do motorista! Quer ver?
Como prevenir
1. Controle as horas ao volante
Ainda que o objetivo seja cumprir com as entregas e prazos, um Motorista do Bem não se esquece que é preciso cumprir, primeiro, a lei! Mais especificamente, a Lei do Caminhoneiro (Lei 13.103, de 2015), que estabeleceu parâmetros importantes para a jornada de trabalho deste profissional. Mas o que isso tem a ver com as dores nas costas?
A relação é bastante simples. O tempo de direção e descanso indicado pela legislação deve ser utilizado tanto para evitar a fadiga ao volante – que diminui o estado de alerta, aumentando o risco de acidentes – quanto para evitar a permanência excessiva na posição exigida ao volante, que como já vimos pode ocasionar as dores no corpo.
Portanto, lembre-se: Dentro do período de 24 horas, são asseguradas 11 horas de descanso, sendo facultados o seu fracionamento e a coincidência com os períodos de parada obrigatória na condução do veículo, garantidos o mínimo de 8 horas ininterruptas no primeiro período e o gozo do remanescente dentro das 16 horas seguintes ao fim do primeiro período.
Nesses períodos, indica-se, inclusive, realizar alongamentos para estimular a movimentação do corpo.
2. Alongue-se
Tanto antes de iniciar uma viagem quanto nos momentos de descanso ou nas breves pausas durante a viagem, é interessante realizar algum tipo de alongamento. Mesmo os mais simples são valiosos, na medida em que ajudam a diminuir a tensão muscular e relaxam os músculos para evitar que as dores apareçam.
Dentro da própria cabine, o motorista pode girar o pescoço em movimentos amplos, para alongar a cervical (cerca de 10 vezes para cada lado são suficientes), rotacionar os ombros, esticar os braços...
Já quando se retirar do veículo, procure alongar os membros superiores e inferiores – você sabia que a falta de alongamento na parte de trás das coxas, por exemplo, está frequentemente associada à dor nas costas? Para alongar essa região, faça flexões de tronco (posição em que você tenta tocar o chão, com as pernas eretas, por cerca de 30 segundos).
Para ajudar, a dica é pesquisar no YouTube alguns vídeos de alongamentos básicos para todas essas regiões. Assim, você aprende a correta execução dos movimentos para reproduzi-los no dia a dia.
As breves caminhadas também auxiliam na ativação da circulação e podem prevenir dores e lesões. Quando parar, lembre-se delas!
3. Adote a postura correta
Quem não quer sofrer com as dores nas costas precisa se preocupar constantemente com a postura que está adotando ao dirigir. Os vícios em uma postura incorreta têm como consequência inevitável o incômodo na região e, se não forem tomados os devidos cuidados, há riscos de a dor se tornar crônica ou ocasionar outros problemas.
A postura correta para estar sob o volante é aquela que permite que as mãos o segurem sem que o ombro e coluna fiquem longe do encosto da cadeira – é essencial que a coluna esteja apoiada e ereta a todo tempo, em um ângulo próximo de 90 graus. Como alguns veículos não apresentam a ergonomia ideal indicada, se necessário utilize acessórios que permitam que você não fique curvado enquanto dirige.
O ideal é também que pernas e braços estejam ligeiramente flexionados (o banco deve ser posicionado de forma que os joelhos possam ficar dobrados).
4. Atenção aos carregamentos e descarregamentos
Nos casos em que é preciso manusear as cargas transportadas, o excesso de peso carregado nos braços e a forma incorreta de levantá-lo podem ser maléficos para a coluna. Indica-se que o levantamento de objetos seja feito com os joelhos dobrados, e não a coluna.
Evite forçar o tronco com mais peso do que consegue suportar e jamais utilize a cabeça para transportar cargas.
5. Mantenha uma vida fisicamente ativa
Por último, vale lembrar que uma boa prática ocupacional tem relação também com um estilo de vida saudável. A prática de atividades físicas auxilia de inúmeras maneiras o bom funcionamento do organismo, ao promover o fortalecimento dos músculos e a capacidade aeróbica, sendo capaz inclusive de reduzir dores.
No entanto, qualquer tipo de atividade física deve ser feito de acordo com as limitações e possibilidades individuais. Para quem já sente algum tipo de dor, por exemplo, alguns exercícios não são recomendados. Antes de iniciar alguma prática, é preciso consultar um médico ortopedista.
Com a saúde não se brinca! Caso perceba qualquer sinal de que a saúde precisa de atenção, busque auxílio profissional.
Para manter-se em dia com a lei, realize também o exame toxicológico obrigatório.