Em diversos ramos do mercado, profissionais têm percebido que trabalhar de maneira autônoma pode ser mais vantajoso que ser funcionário de empresas. Há diferentes motivações que justificam o crescimento desse modelo de trabalho, mas, em geral, há uma busca por maior independência e ganhos financeiros mais justos. Será que para os caminhoneiros essa realidade também se aplica?
A verdade é que, também no meio de transporte de cargas, é crescente o número de motoristas que preferem atuar de forma autônoma, ou seja, sem vínculo empregatício com uma empresa de transporte. Trata-se de uma opção interessante para atuar no ramo, porém é preciso considerar que há perfis profissionais que podem se encaixar melhor com um modelo autônomo. Acompanhe com a gente algumas das principais questões que devem ser levadas em consideração!
Por que ser autônomo?
Há algumas formas já bem conhecidas de atuar no mercado de transporte de cargas. O motorista pode optar por ser um funcionário de uma empresa que se responsabiliza por organizar todo o processo que envolve o frete, e, nesse caso, apenas receber informações sobre suas viagens e executá-las dentro das normas da empresa. Trabalhar de forma direta com empresas dá estabilidade, porque o profissional tem salário estabelecido e dificilmente fica parado. O lucro, no entanto, geralmente é menor nesse tipo de trabalho, mesmo que haja uma grande pressão sobre as entregas, comumente com prazos apertados que tornam a rotina corrida e cheia de exigências comuns no âmbito corporativo.
Há ainda o motorista agregado, que trabalha de forma fidelizada com uma empresa de transportes, porém sem vínculos empregatícios. O caminhão que dirige é próprio, e a ele cabem as responsabilidades sobre a manutenção do veículo e montar sua rotina para atender a demanda da empresa. Essa pode ser considerada uma modalidade “intermediária”, já que o profissional mescla algum vínculo com uma empresa (porém não de maneira formal), o que garante uma certa regularidade, mas possui também a liberdade de pegar fretes por sua conta, organizando-se em suas demandas.
Já o motorista autônomo é completamente independente, o que é considerado mais atrativo para quem tem dificuldades com os modelos corporativos, ou deseja lucrar mais (sem perdas no meio do caminho por conta de intermediários) e construir sua própria rotina, seja para escolher o horário de trabalho, o tipo de serviço a executar ou ainda estabelecimento de prazos. No entanto, apesar das vantagens à vista, não dá para tomar a decisão sem considerar pontos importantes.
O que considerar na escolha?
Atuar de forma independente exige algumas habilidades que podem ser mais difíceis do que parecem. Basicamente, um caminhoneiro independente precisará tocar sozinho as atividades de administração, planejamento e organização, incluindo a financeira. Não somente todas as questões que envolvem um frete estarão em suas mãos, como também a própria demanda dependerá de que você encontre sempre clientes e serviços para se manter na ativa. Financeiramente, isso pode significar certa instabilidade em determinados períodos. Há ainda a questão da concorrência, que pode tornar mais difícil conseguir fechar um frete.
Uma das situações que fazem parte do cotidiano de um caminhoneiro autônomo é a conciliação de fretes de ida e volta: para que as viagens compensem financeiramente, é preciso que haja fretes para realizar nos dois sentidos, o que exige um planejamento específico.
Quero ser autônomo. O que é preciso?
Se você já pesou todas as questões, conversou com outros profissionais e considera que tem o perfil necessário para ser um caminhoneiro autônomo, é hora de conferir tudo que será necessário para seguir na profissão. Vamos a algumas dicas!
- Veículo próprio
O profissional autônomo dirige seu próprio caminhão. A escolha do veículo deve levar em consideração o objetivo que será priorizado nos transportes, pesando as principais questões, que envolvem conforto, custo-benefício sobre economia de combustível e manutenção, dentre outras. Fazer a compra junto a concessionárias é a maneira mais garantida de fazer um bom investimento.
Como ferramenta principal de trabalho, o veículo precisará receber todos os cuidados, e a dica é prezar por manutenção preventiva, e não corretiva. Ou seja, ao invés de levar o caminhão para manutenção somente quando o problema aparecer, é mais barato e seguro manter todas as vistorias em dia, evitando acidentes e gastos surpresa.
- Documentação e legislação
A formalização deve ser o primeiro passo do motorista para atuar efetivamente nas estradas. A CNH deve estar em dia e válida de acordo com o veículo a ser conduzido (a categoria C corresponde a caminhões de carroceria única e a E a veículos articulados). Para tirar a carteira, mudar de categoria ou renovar o documento, desde 2015 passou a ser obrigatória a realização do exame toxicológico, uma medida que tem como principal objetivo resguardar o motorista, garantindo mais segurança nas estradas. Saiba mais sobre o exame toxicológico.
Além disso, há ainda o Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Carga (RNTRC), a ser buscado junto à Agência Nacional de Transportes Terrestres, que fornece em seu site todas as informações sobre como obtê-lo. O registro será fornecido na categoria Transportador Autônomo de Cargas (TAC), e o caminhão deve necessariamente apresentar o número do registro para trafegar dentro do transporte comercial de cargas.
O motorista deverá ainda seguir todas as legislações que regulamentam a profissão do transportador de cargas, por isso é válido conferir bem seus detalhes. Algumas delas são:
- Capítulo III-A do Código de Trânsito Brasileiro (CTB);
- Resoluções ANTT 4.799/2015 e 3.658/2011.
- Organização e planejamento financeiro
O sucesso da carreira autônoma vai depender, em boa parte, do seu controle financeiro. Estabelecer o valor do frete envolve saber quanto custa cada quilômetro rodado e associá-lo a outros valores, como do uso do caminhão, tempo parado e todas as outras despesas associadas ao serviço.
Depois que você souber precificar seu serviço, a responsabilidade é manter um planejamento para não se encontrar em situações de risco, já que as demandas não são sempre regulares. Fazer a “contabilidade do seu negócio” pode ser mais fácil se você contar com planilhas e organizar bem todas as receitas e despesas.
- Tecnologia
Há algumas maneiras tradicionais de conseguir os fretes que garantirão seu trabalho, como buscar contato direto com as transportadoras, agenciadores ou mesmo indicações. Mas, hoje em dia, a tecnologia facilitou bastante o trabalho do caminhoneiro. Por meio de aplicativos para smartphone ou sites especializados, como o Truckpad, uShip ou Sontra, é possível fazer o intercâmbio entre quem precisa de um serviço e quem está oferecendo, negociando tudo de forma online.
A tecnologia também pode ajudar você a fazer controle de custos, definir rotas, obter informações sobre o tempo... Informe-se sobre os principais apps disponíveis para o caminhoneiro e experimente contar com essa ajuda!
A lista de responsabilidades e pontos de atenção para atuar como caminhoneiro autônomo é ainda mais longa que os pontos que introduzimos aqui. Por isso, se deseja adentrar o mercado de maneira independente, pesquise bastante, leia todas as legislações com cuidado para providenciar toda a documentação necessária e, claro, preze sempre pela direção defensiva nas estradas, cuidando também da sua saúde.
Sucesso!